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GANHAR EM BOLSA de Fernando Braga de Matos

  • Foto do escritor: danielagmportela
    danielagmportela
  • 10 de jul. de 2021
  • 14 min de leitura

Atualizado: 20 de dez. de 2022




PORQUÊ ESTE LIVRO?


Porque é uma referência nacional portuguesa que desmistifica o receio em investir em ações, e é uma excelente carta de marear para navegar em segurança, quer na zona costeira, com consciência real das situações e cuidados a ter, quer no Alto mar, quando reunidas as condições favoráveis.

Na verdade, a primeira edição é de 2005, já teve revisões e ainda se mantém atual, porque apesar da moeda pré-euro (escudos) e algumas empresas mencionadas já nem sequer existirem, o conteúdo e o contexto, mantém-se intemporais e aplicáveis pelos investidores de todo o mundo.


O AUTOR


Fernando Braga de Matos, (n. 1943) é advogado do Porto e foi professor universitário, apaixonado pela teoria dos jogos (nomeadamente backgammon e bridge) e entusiasta dos mercados financeiros, lançou também o “BOLSA PARA INICIADOS” que é um livro muito mais resumido e indicado para quem acabou de chegar. Mas... se já te decidistes que queres aprender sobre a Bolsa de valores, ir evoluindo os teus conhecimentos e na construção de um portefólio…. Então, passa diretamente para o “GANHAR EM BOLSA” pois irás consultá-lo mais vezes ao longo da tua estadia bolsista, enquanto investidor.


É interessante este background do autor na teoria dos jogos e no estudo comportamental dos jogos sociais. Isto já dizia o professor Robert Schiller co-autor do livro “ANIMAL SPIRITS” (entre outros), sobre a importância das finanças comportamentais em relação à contabilidade das empresas em si: Estudar as empresas para as podermos escolher, sim! … mas também entender as finanças comportamentais.

O mercado são as pessoas, e as flutuações as reações emocionais (claro que temos também os movimentos desencadeados pelos algoritmos das máquinas de trading de alta frequência das grandes instituições, mas isso é assunto para outra altura). Precisamos entender isso, para nos sabermos segurar e não vender quando todos vendem, e não ir a correr comprar quando aparece a última novidade que promete subir 100%. Teremos de nos saber posicionar ANTES das notícias. Isto de uma forma básica… porque realmente se conhecermos e compreendermos o mercado, saberemos exatamente como as pessoas vão reagir e o que esperar, e com o tempo teremos mais tranquilidade na gestão da nossa carteira, e um clima mais favorável para tomar as melhores decisões.


O QUE ABORDA O LIVRO?


Vamos então fazer um quick look pelos 9 capítulos deste livro, para perceberes na globalidade o que trata, pois, uma simples consulta ao índice (para quem está a começar) não é elucidativa.


CAPITULO I – A BOLSA


O livro vai falar de Ações, ou seja, partes de empresas. Compra e venda de ações para detenção daquilo que se chama posições longas. Ou seja, comprar a um preço, para acumular e vender posteriormente por vários motivos, e que motivos podem ser esses.

Explica também o que são Derivados: Opções, Warrants e Futuros, apenas numa ótica de se saber o que são e como eles podem ser usados para proteger uma carteira (fazer hedge). Ou seja, com o intuito defensivo da estratégia longa, e não com o intuito especulativo imediato. Para se estar no mercado convém saber quem são os vizinhos e o que eles fazem e como fazem. Não significa que eu vá fazer a mesma estratégia, simplesmente tenho de compreender o que me rodeia e ter um plano adaptado às situações. Em termos de estratégias também explica o que são os shorts (posições curtas) e como elas podem impactar o ativo no qual estamos investidos. Temos possibilidade de saber o total de posições curtas de determinado ativo através de plataformas como a seeking alfa ou a reuters.


O autor aborda a História das Bolsas de Valores, nomeadamente a de Lisboa e os maiores Crashes que aconteceram. Aqui, naturalmente na minha edição que é a 11ª, escapa o coronacrash de 2020. Antigamente o nosso índice nacional era o BVL só depois passou a ser o PSI sendo que as operações da Bolsa do Porto (onde agora está sediada a Associação Comercial do Porto) foram integradas na de Lisboa, que passou a integrar a Euronext NV, a maior plataforma de negociação europeia.


Quem for ao Porto não falhe a visita ao lindíssimo Palácio da Bolsa, onde já não se fazem trades de bolsa, mas sim eventos internacionais, normalmente de promoção de relações comerciais.


A seguir o autor aborda as Ordens na Bolsa – que tipo de ordens existem (ordem a mercado; limitada a um preço; com stop; ordens casadas; etc)… e a sua adequabilidade conforme o tipo de estratégia e o tipo de Ação em questão (por exemplo se for uma Ação pouco líquida etc.)


Aborda o Tipo de mercados Bolsistas e métodos de negociação Mercados primários (com as IPOs, as OPV, etc e o que são estas operações); mercados secundários; o que são os OTC (negociações de balcão - Over The Counter) se a negociação é contínua ou a leilão… e os períodos de negociação associados.


O impacto que os Fundos Estrangeiros têm no mercado, nomeadamente no nosso.


CAPITULO II – UM JOGO NO MERCADO


Este capítulo é sobre as ideias gerais da estratégia de Stock Picking e porque esta estratégia na opinião do autor faz mais sentido.


“O investimento em ações é um jogo de soma positiva, visto que graças ao crescimento económico, o que é colocado pelos jogadores, a longo prazo, aumenta de valor. Crescendo a economia, crescem concomitantemente os títulos que representam o capital agregado.”


Esta premissa é o mote de qualquer pessoa que invista no mercado globalmente (via um ETF por exemplo), contudo o que o autor acrescenta é que: “Deste modo, a prazo e com diversificação eficiente, todos podem ganhar”. E aqui está a diferença da estratégia do stock picking... é que a analise do mercado nos demonstra que há períodos de diferente ciclicidade e não faz sentido quando se tem o conhecimento do momento de bear market, permanecer no mercado a perder o valor acumulado. “A perícia do jogo consiste pois na determinação do Momento das jogadas, que deverão acompanhar o Bull market, desde o respetivo início: - a estratégia de Timing the market, a qual se completa com a estratégia de Stock Picking.” O autor defende uma forma ativa de estar no mercado, observando o momento certo de investir neste ou naquele setor, consoante o que a macroeconomia vai ditando, e para tal escolher as ações de determinadas empresas, sendo que essas posições podem e devem ser liquidadas quando as condicionantes se modificarem em desfavor. O autor não procura flutuar com o mercado colhendo a media dos seus retornos, mas sim colocar os motores do barco em funcionamento quando necessário para minimizar as perdas e potenciar os lucros onde eles se prevêem aparecer e apenas nos ativos que lhe interessar.


 

_ NOTA SOBRE ESTRATÉGIA ATIVA (opinião pessoal):


Fazer isto requer conhecimento e mais trabalho, daí os retornos também serem superiores, embora existam habilidosos de gráficos, que dizem que não. A realidade é que são, mas tem um custo:


01 _ Investir na literacia financeira.

02 – Dispor tempo a analisar e acompanhar empresas.

03 – Dispor tempo para a gestão de um portefólio ativo (se bem que com a experiência os movimentos serão cada vez menores ano, após ano).

04 – Ter um mindset flexível que te permita observar quedas e perdas potenciais de dinheiro com a volatilidade nos teus ativos em determinadas alturas.

05 – Ter pouca aversão ao risco, e ter consciência que para se ganhar com a escolha de alguns ativos será necessário assumir erros em outros e cortar perdas sem contemplação.


Tudo isto são dicas generalistas, pode existir um ponto intermédio e o investidor optar por uma estratégia mais passiva, dentro da estratégia ativa, devido à escolha de ativos menos arriscados e com menor volatilidade (por exemplo). O investidor pode simplesmente não estar interessado em bater o mercado, mas também não estar interessado em dispor de todo o mercado… mas apenas nas empresas que entende e daí construir um portefólio de renda fixa, por exemplo.

 

Voltando ao livro, o autor aborda os Mercados Emergentes, e a Teoria do mercado coerente.

Salientamos aqui que o autor repudia a Hipótese da Perfeita Eficiência dos Mercados e a Teoria do Random Walk. Ele considera que o mercado é determinado pelos “fundamentais” da economia e pelo sentimento de grupo, e como já explicado pretende intervir em determinados momentos favoráveis. “O investimento em ações depende do estado do mercado, e só é claramente propício em situação de Mercado Coerente com Tendência de Subida, o chamado Bull Market (ou de descida, com vendas a descoberto.).” Pois considera que “Conforme o entrosamento daqueles determinantes o mercado pode ser intervalarmente quase eficiente, caótico ou coerente, em Tendência de subida ou descida). Nem sempre concordamos com o autor, mas é importante esta perceção de que o mercado não é preto e branco, há nuances nas quais o investidor pode efetivamente tirar partido.


CAPITULO III – O INVESTIDOR


Responde ao Porquê investir em Ações e quem não deve investir em Ações.

Fala de outros produtos financeiros complexos como o investimento indireto em Ações, como através de Fundos e ETFs. Ele não desenvolve o tema sobre esses produtos nem os riscos associados.

Investir ou especular - a diferença nestas estratégias e apesar de poder existir correções no portefólio no curto prazo, ele não é apologista do trading e explica porquê, defende construção de posições longas, mas não segundo uma estratégia passiva do buy and hold.

Vantagem do investidor particular em relação aos grandes fundos e do acesso à informação.

Fala também de que informação o investidor deve estar munido quando investe em Ações.

Finalmente fala da Arte do Pensamento contrário, a qual faz já a ponte com o próximo capítulo.


CAPITULO IV – PSICO ANÁLISE


Como se referiu anteriormente, o mercado é constituído por pessoas, e a variação das cotações reflete as tomadas de posição dessas pessoas relativamente aos ativos.

Todo este capítulo é sobre a análise dos comportamentos e o que eles refletem. Medo, indecisão, pânico do mercado… são abordados temas como “ter dinheiro no momento errado; não há gurus nem milagres; quando o barato é caro e o caro sai barato; it’s never wrong to take a profit; e os dividendos senhor?”


CAPITULO V – ANALISE FUNDAMENTAL


Pistas adequadas para orientar as saídas e entradas no mercado.



O autor defende que só há real interesse em estar na bolsa quando se identifica a altura correta para o fazer (aquilo que chamamos o Timming the market), e nessa altura escolher o melhor possível as ações que devem compor o portefólio, o que se chama de Stock Picking.


Na Análise Fundamental (Security Analysis) o autor segue na linha de Benjamim Graham e David Dodd em que se estuda a economia em geral, a relação entre mercados de capitais (ações – obrigações, os setores de atividade, e as empresas individualmente consideradas, procurando no final de tal analise, o que se chama valor intrínseco ou valor real das ações. Na comparação desse valor com a cotação, percebemos se a ação está cara ou barata e isso permite-nos avaliar em que altura uma empresa saudável, está a cotar em desconto, e portanto, com margem de segurança para comprarmos as suas ações (isto no caso da compra e inversamente no caso da venda, se tal por outros motivos, se justificar).

O autor explica como consultar os Relatórios de contas das empresas e analisar as suas principais métricas.

Fala também do risco cambial, que é algo importantíssimo a ter em consideração, quer o propósito seja se manter as ações por muitos anos, quer não seja, só isto mereceria um artigo completo.


 

_ NOTA SOBRE VARIAÇÃO CAMBIAL (opinião pessoal):


Frases como as que ouvimos por vezes “não me preocupa o cambio porque invisto para longo prazo” revela ignorância completa do risco cambial. É possível mesmo estar a perder para o dólar e a cotação se manter inalterada, e é possível também a subida da cotação da ação não compensar a descida de valor na perda para o dólar durante muitos anos e o investidor naquela posição ter uma perda potencial cambial. Ora se nós vamos escolher uma ação para ganharmos dinheiro não vamos estar a descurar o cambio, pois isso pode fazer não só não ganhar com a ação, como até perder dinheiro para a moeda. O mesmo pode acontecer inversamente. Tão importante considero este risco, que não vou fazer as pessoas lerem outro artigo sobre isto e menciono já que neste assunto sou da opinião que o investidor deve ter uma estratégia DCA (dollar cost average) e não completar posições numa só transação, mas ir comprando ao longo do tempo (meses ou anos), para apanhar o cambio a valores diferentes e assim ficar com uma média desse período.


 

Seguem-se temas como O Crescimento económico real; a Despesa Publica; a Oferta de moeda (taxas de juro); a inflação; a analise da indústria; a empresa… e finalmente o Valor intrínseco de uma ação.

Nesta fase do livro entramos na parte de analisar os Relatórios de Contas e os principais Rácios fundamentais para a analise de empresas:


01 - PREÇOS: o PER (Price earnings ratio); o DY (Dividend Yield); o PCF (Price to cash Flow).

02 - POR AÇÃO (EPS (Earnings per share); CFPS (Cash Flow Per Share); PBV (Price to Book Value);

03 - RENDIBILIDADE / RENTABILIDADE: ROA (Return on Assets); ROE (Return on Equity); CT (Capital Turnover); EM (earnings Margin).

04 - LIQUIDEZ e SOLVABILIDADE: CR (Current Ratio); LR (Leverage Ratio); LTD (Long Term Debt); GEPS (Growth in Earnings Per Share); IT (Inventory turnover).

05 - EFICIÊNCIA: ART (Accounts Receivable Turnover).

06 - BOLSISTAS: Free Float; Índice de Transação; Índice de frequência; Capitalização bolsista.


Seguramente há rácios mais importantes de avaliar em ações de determinado setor, ou com determinadas características, do que outros. Não é preciso correr a lista de rácios nem as ações devem ser avaliadas de igual forma. Os rácios mais importantes para analisar um banco são diferentes dos rácios mais importantes para analisar uma empresa de retalho, ou uma empresa de software.


 

_ NOTA SOBRE MODELOS DE AVALIAÇÃO E RACIOS (opinião pessoal):


Na minha opinião os próprios modelos empregues para avaliar uma empresa tem de ser escolhidos com base na forma de como por exemplo a empresa gera retorno aos acionistas. É uma empresa que ainda não tem lucros mas que se prevê gerar um crescimento de X por ano? É uma empresa que retribui aos acionistas sob a forma de dividendos? Existe um cuidado na atualidade dos analistas não recorrerem ao mesmo modelo nem aos mesmos rácios para tudo, até porque nem é possível. Como calcularíamos o PER de uma empresa jovem que ainda não apresenta lucros? Exato. Não calculamos o PER, porque não há earnings.


 

CAPITULO VI – ANÁLISE TÉCNICA


Não interessa saber apenas no momento quais as ações mais interessantes e a que preço as comprar, mas também avaliar o mercado e extrapolar com base no passado, qual será o momento mais oportuno de as comprar.

Aqui o autor explica a teoria do Random Walk que sustenta ser impossível prever os movimentos do mercado, e que ao contrário dessa teoria, existem indicadores técnicos que pelo contrário apontam a mais provável situação. Ele desmonta a teoria explicando quais são esses indicadores e como o investidor se pode orientar sem se perder em misticismos de sinais técnicos.



 

_ NOTA SOBRE ANALISE TÉCNICA (opinião pessoal):


Salienta-se a importância das médias moveis, das linhas de suporte e resistência, das linhas de tendência e dos canais de tendência. O volume e vista do Book (Bid e Ask) também nos pode ajudar a perceber o melhor momento de compra e venda, consoante o volume da procura e da oferta.

Se é possível escolher um melhor momento para uma transação, não faz sentido algum entrar e sair em qualquer momento. Mesmo numa estratégia de buy and hold para muitos anos, em que não fará qualquer diferença 10% para cima ou para baixo nos preços, defendo que nós nunca sabemos o que pode acontecer à empresa no futuro. A minha estratégia pode ser manter a ação 10 ou 20 anos… mas se algo na empresa se alterar e isso afetar inclusivamente a minha espetativa e eu ter que corrigir a escolha que fiz inicialmente, reduzindo ou até mesmo liquidando a posição nessa empresa. Desta forma, embora apontando de base para um horizonte longo, devo precaver-me para eventuais modificações nos fundamentais, e portanto recorrerei à analise técnica para me ajudar nesse sentido. Não ter esta humildade, e comprar a qualquer preço mesmo que seja abaixo do valor intrínseco, pode revelar-se uma decisão precipitada dado que tudo pode mudar. Esperar demasiado à procura do momento perfeito, também pode conduzir à perda de oportunidade. Tem o investidor de procurar com tudo o que tem ao seu dispor agir moderadamente e com sensatez.


 

CAPITULO VII – ANALISE TÉCNICA DO MERCADO


Aqui aborda-se a analise técnica não de uma ação específica, mas de todo o mercado, para se perceber a tendência, a força da oferta e da procura, o momento, o nível ascendente a descendente. Cada ação tem o seu movimento particular, mas também dependente do mercado no geral, e isso pode ser estudado. A analise dos índices é útil para compreender a macroeconomia, os setores e o risco sistémico das ações individuais. Os índices não são algo abstrato num gráfico, eles representam o movimento dos preços das empresas que estão correlacionadas nos seus negócios ou não. A análise do volume, da volatilidade, da acumulação e distribuição (aqui não se refere a dividendos mas a compras e vendas no índice) e como isso afeta o preço. É um capitulo interessante quer para o investidor de ações quer para o investidor em ETFs.


CAPITULO VIII – E AFINAL: ANÁLISE FUNDAMENTAL OU TÉCNICA? (OU: AGORA É METAFISICA).


Este capítulo monta a estratégia, o plano a ordem a seguir para analisar os ativos.

“ A Análise Fundamental é e deve ser o método de seleção preferido pelos investidores institucionais, que não podem dispensá-la. A Análise Técnica deve ser a metodologia a utilizar pelos particulares, mas dentro de um ambiente de Análise Fundamental, rigorosamente imprescindível.”



O autor neste capítulo refere algumas vantagens do investidor particular (tu e eu) em relação aos institucionais e grandes fundos. Como processo de investigação sugere que façamos o seguinte:


01 - Dedicar atenção permanente à informação pública disponível das fontes especializadas.

02 - Atender à informação dada pelo research das sociedades de corretagem.

03 - Avaliar os dados passados publicados em Relatório e Contas, que serão postos em confronto com o ambiente atual e futuro.

04 - Estruturar com bom senso e raciocínio lógico.

05 - Recorrer à analise técnica.


 

_ ANALISE FUNDAMENTAL OU TÉCNICA (opinião pessoal):


Concluímos que as ações devem ser escolhidas com base na análise fundamental e o momento de compra ou venda procurado (já naturalmente com a margem de segurança incluída), com base na análise técnica com auxílio dos principais indicadores, tais como as medias moveis de longo (200 ou 150 dias) e curto prazo (20 ou 50 dias), as linhas de tendência e os canais. Tudo depende da empresa em questão para entendermos ter uma maior ou menor margem de segurança. Há cotações que se comportam segundo o mesmo padrão e são mais simples de prever pois esse padrão reflete o comportamento das pessoas (mercado) em relação ao futuro da empresa em determinado momento no tempo. Os gráficos também contém informação relevante que incorpora alterações fundamentais nas empresas. Essa sim é a analise técnica comportamental que interessa analisar. Uma cotação que atingiu um máximo acompanhado de volume, ou um mínimo no passado, conseguiu-o devido a algum fator especifico que merece ser estudado, sendo que, o que se passou no passado não significa que se reproduza no futuro. Com isto ficam duas notas importantes:


a) que a compra ou a venda não deve ser feita com base apenas na análise de um gráfico de cotações, e com noções generalistas sobre a situação de uma empresa.


b) que a compra ou venda não deve ser feita apenas no calculo do valor intrínseco (sempre subjetivo) da ação e suas previsões para futuro e/ou atendendo a um eventual desconto que possa existir entre a cotação e esse valor, mas, atendendo também à informação que nos proporciona a análise técnica.

Descurar isto pode ser valido no muito longo prazo, mas como já vimos por experiência, as empresas mudam, e aquela ação que dissemos querer deter para os próximos 20 anos, pode sofrer alterações fundamentais e isso é mais certo do que pagar impostos... por isso não devemos comprar a qualquer preço, nem em qualquer altura, por muito boa que seja a empresa e por muito bom que esteja o desconto.

 

CAPITULO IX – ESTRATÉGIA E TÁCTICA


Os movimentos do mercado, é um subcapitulo que surge na continuação do anterior.

O Arquivo de identificação: Ajuda-nos a classificar as empresas: Blue Chips; Growth stocks; Penny Stocks. Depois temos as Conservadoras; Em maturidade; Em recuperação; Cíclicas; Voláteis etc. Penso que esta classificação deveria estar antes do capítulo analise fundamental, mas talvez aqui também esteja bem encaixada pois é uma espécie de capítulo de estratégia final, então fará sentido: 01 – classificar para poder... 02 – Diversificar. O autor neste capítulo fala sobre as medidas de risco, sobre o Beta (indicador de volatilidade da ação em relação ao índice).


Este capítulo apresenta vários tipos de estratégias complementares, fala do Buy and Hold e de como ele não funciona devido à psicologia do investidor e perda de oportunidades; da estratégia defensiva e finalmente da difícil tarefa de quando vender uma ação.

Aborda os tipos de risco e como calcular o beta de uma ação. Segue-se a diversificação, a explicação sobre o juro composto e a estratégia de protecção com base nos stop loss.



Aconselhamos ler este capítulo final várias vezes pois consideramos o conteúdo um pouco disperso. No final apresenta um posfácio com 21 situações a reter para quem transaciona na bolsa, e um glossário dos termos relacionados com os mercados financeiros.

 

_ ESTRATÉGIA E TÁTICA (opinião pessoal):


A estratégia de stock picking e momentum investing pode ser interessante mas o autor não preconiza o Buy and Hold. Ele considera que, quando se prevê uma entrada em bear market, os ativos devem ser rebalanceados ou mesmo liquidados. Teoricamente o mais rentável seria deixar os ativos recuperarem naturalmente mas pela experiência do autor ele considera ingénua e impraticável esta visão. Confesso que para o investidor particular cuja gestão do portefolio seja feita pelo próprio (e não com os ativos a serem geridos dentro de fundos ou PPRs) é muito díficil atravessar um bear market de 3 anos (não sabendo quanto tempo mais ele irá durar) totalmente investido e ver os seus ativos baixarem 40 ou 50% de valor, sabendo que para recuperar a perda precisará de um mercado em subida de 100%. O caso do crash de 2020 foi muito breve, mas existiram períodos económicos de recessão bem mais longos e com incerteza de recuperação.

 

Disclamer: | A autora deste artigo não tem qualquer comissão sobre a venda deste livro, ou qualquer produto associado. Trata-se de um artigo de opinião, sobre um livro que entende fundamental partilhar com quem pretende começar a investir em ações e/ou aprofundar os seus conhecimentos.|

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